O gráfico da Folha do dia seguinte não conta toda a história, veja:
Fui buscar os dados desde 2000 e veja como foi o controle da taxa Selic pelo Copom
Ocorre que essa é só meia história. Queria entender em que o Copom se baseia para gerenciar essa curva. Li várias atas das reuniões do Copom e a palavra mais citada sem dúvida é inflação, e com ela IPCA. Decidi entender essa relação...
Peguei os dados do IPCA mensal desde 2000 para comparar as curvas e veja se você encontra alguma semelhança com a curva da Selic:
Fora o pico de inflação do fim de 2002, parece não haver relação entre os dois gráficos anteriores. O que se nota é uma variação do IPCA mensal com a sua média aparentemente constante. Nesses casos, para se detectar pequenas variações de média, usam-se alguns truques estatísticos a partir de propriedades dela (a média).
Médias de amostras variam menos que os valores individuais. Se acompanharmos, portanto, a inflação média dos últimos meses teríamos uma curva suavizada por essa propriedade. O que se faz na prática é acompanhar o valor acumulado de 12 meses do IPCA. Trata-se de uma soma, mas seria uma média se dividirmos por 12. Chamamos esse truque de média móvel.
Observe agora as curvas da Selic e do IPCA acumulado 12 meses e note a forte relação:
Que conclusão podemos tirar disso? O Copom ajusta a taxa Selic olhando pra traz (em função do comportamento passado da inflação)? Ou a inflação sofre (no futuro) o impacto das mudanças da taxa Selic? Eu escolho a hipótese do meio.
Para mim o corte de 0,25 p.p. foi um "grande pouquinho" pois a inflação está estabilizada em 5,2% ao ano e, pela relação que vimos entre as curvas, era hora do Copom aumentar a Selic. Não era?
Att, Igor Guedes
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